terça-feira, 19 de junho de 2018

Pequenina Voraz

Que desça o novo ser,
Que pinte a nova ideia,
Sem os mesmos traços
Sobre a mesma tinta.

As cores mudas secam os olhos
Dos ávidos pelo belo,
Encerrando a arte
No pincel austero.

Solar gota amarela
Em densa imensidão.
Brilha a pequenina voraz,
Transformando a escuridão.

Ouça Pequenina Voraz e inspire-se!

quinta-feira, 24 de maio de 2018

NÃO ABUSE

Não abuse de tanta bondade
Que, você sabe, esse tal diabo
Era anjo sem maldade

Lá de cima eles vêem sua estrada
Tenha em mente que a vela apaga
Com hora marcada

Tantas chances desperdiçadas
Tantos lábios, todos sem palavras
Elegância tão pouco usada
E as mãos de sangue manchadas

Aqui embaixo são tantos na lama
Mas como saber, dentre todas feridas,
Verdade ou drama

Que diferença tem remédio e veneno?
Quanto dessa dose é felicidade
E quanto é dinheiro?

Tantas chances desperdiçadas
Tantas armas sendo disparadas
Coração sofre na madrugada
E o amor entre a cruz e a espada

Confira nossa música: Não Abuse


A música é mel misturado a um remédio amargo.

     A música, comparada ao mel, era servida em Ritos Litúrgicos, e quando palavras duras eram necessárias, clérigos suavizam-nas com música. Desde os cantos xamânicos, aos salmos cristão/judaicos e mantras budistas, a música é um alento para suportar os difíceis rituais espirituais, um guia sobre os pensamentos.


     Atualmente, tomou-se como a forma de arte mais barata e menosprezada, servindo de barulho de fundo, preenchendo nosso dia para que não nos percamos no silêncio e insignificância do vazio de nossa existência. Diferente do uso litúrgico, a música hoje parece ter o propósito somente de lucro. Artistas e Produtores devem ser remunerados, mas, antes, seus proventos viessem de obras que elevassem a condição humana. Antes o silêncio do que músicas que agridem o ser humano.

   A música verdadeira não existe sem o silêncio, pois descobrimo-la por meio do contraste com o silêncio, percebemos a cor branca quando esta se contrasta com outra cor, e assim por diante. A mente humana só se percebe pela diferença.

     O Silêncio é necessário, a contemplação é necessária. 


A música é uma conversa entre almas.

     A arte perturba, emociona e transforma. O Artista é um pontífice, serve de ponte para canalizar as ideias que estão num plano superior e as transformam em algo material, palpável, audível. O ouvinte é convidado a co-criar a obra, e sua experiência de vida, seus gostos, seu nível cultural, o ajuda a mergulhar nas profundezas dessa obra.


     E todas as obras artísticas têm valor, mesmo aquelas ditas comerciais. Algumas peças são rasas como uma poça d’agua, outras profundas como o oceano. Cabe ao apreciador tirar suas melhores conclusões em cada obra com que se depara, e para cada ocasião, uma ferramenta apropriada. Não se mede o oceano com uma fita métrica, da mesma forma que um poço com água salgada deve ser selado.

     Você não dialoga se não entende o idioma. Você pode até se comunicar, mas dialogar torna-se penoso. Para falar bem é preciso conhecimento, para dialogar bem é necessário uso da gramática.


A vida acontece nos bastidores

     Em longo prazo tudo vira Cinzas, tudo retornará ao pó de estrelas. Lux At Nox.

     Temos o objetivo de fazer mudanças na alma coletiva.

     A Beleza é a força motriz da mudança. As cinzas são o resultado de toda desconstrução, de um    mundo que ruiu. E assim, são belas pelo potencial de poderem ser o que quiserem, mas ainda não são.

     Nossa ferramenta será a música.